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Apesar de serem um dos maiores compradores de carne do Brasil, os supermercados hoje não garantem que todo produto exposto em suas prateleiras está livre de desmatamento da Amazônia, de trabalho escravo e de violência contra povos indígenas.
A carne que você compra dos supermercados vem dos frigoríficos. Dezenas deles atuam na Amazônia. Mas apenas 3 assumiram, desde 2009, o compromisso de não comprar boi de fazendas que têm novos desmatamentos, que usam trabalho escravo ou que estão dentro de terras indígenas.
Todos os outros frigoríficos não têm compromissos transparentes para driblar esses problemas.
Da porteira para dentro, milhares de fazendas que criam gado sem qualquer preocupação social ou ambiental estão vendendo boi para esses frigoríficos.
Que vendem para os supermercados.
Por meio de questionários, o Greenpeace avaliou e fez um ranking dos maiores supermercados do Brasil, baseado em três critérios: se a empresa tem uma política de aquisição de carne bovina livre de desmatamento, a qualidade e o rigor dessas políticas e a transparência dos supermercados com seus consumidores. Cada uma dessas áreas teve uma pontuação. O máximo que cada supermercado podia atingir era 100%.
Nenhum deles chegou perto disso
Olha quanta gente também já faz parte da campanha. Compartilhe e encha o SAC do Pão de Açúcar.
Reduza seu consumo de carne. Uma dieta baseada em vegetais é melhor para a nossa saúde, para o clima, para as florestas e para a segurança alimentar global.
Pergunte ao açougueiro do supermercado que você frequenta sobre a origem da carne, se o supermercado garante que ela não vem de desmatamento. Se não souberem te informar, insista. Você tem o direito de saber para poder fazer uma escolha mais responsável.
Só compre carne de supermercados que possam te garantir que o produto que vendem não está colaborando para destruição da Amazônia.
Quer entender melhor por que o Greenpeace está nessa?
Leia abaixo as respostas para as perguntas mais frequentes que aparecem por aqui.
Qual a relação entre a campanha Carne ao Molho Madeira e a campanha pelo Desmatamento Zero?
Projeto de Lei com apoio de mais de 1,4 milhão de pessoas, busca o comprometimento do Brasil com o fim do desmatamento em todas as florestas nativas nacionais. Já a campanha Carne ao Molho Madeira pede o comprometimento das empresas que atuam na cadeia da pecuária - fazendas, frigoríficos e supermercados - com o fim do desmatamento na Amazônia. São duas maneiras de lutar contra o mesmo problema, pois apenas movendo todos o setores conseguiremos combater o desmatamento, seja legal ou ilegal.
Por que o Greenpeace tem uma campanha sobre pecuária na Amazônia e o que os supermercados tem a ver com isso?
O desmatamento é atualmente a principal fonte de emissão de gases do efeito estufa do Brasil e a pecuária ainda é a atividade que mais promove a destruição de florestas na Amazônia, ocupando mais de 60% das áreas desmatadas na região. Para combater o desmatamento e crimes socioambientais na floresta, o setor da pecuária deve adotar o Desmatamento Zero e práticas responsáveis de produção, dando fim também ao trabalho escravo e a invasão de Terras Indígenas. Neste sentido, os supermercados tem um papel fundamental, pois como maiores consumidores do produto, estas empresas podem liderar o processo de mudança no setor, exigindo que seus fornecedores de carne se comprometam com o fim do desmatamento e com parâmetros sociais tão consistentes quanto o Compromisso Público da Pecuária. Agindo desta forma, as grandes redes de varejo encorajariam outros frigoríficos a adotarem compromissos sociais e ambientais e, assim, conseguiriam garantir aos seus consumidores que a carne que vendem não está contaminada com passivos socioambientais.
O que o Greenpeace pensa do vegetarianismo - porque não prega isso?
O Greenpeace acredita em uma abordagem pacífica e defende a não-violência para todas as formas de vida na Terra. Como parte de uma série de opções de estilo de vida que todos podem adotar para reduzir o seu impacto no planeta, o Greenpeace encoraja as pessoas a reduzir drasticamente o seu consumo de carne. Uma dieta rica em vegetais é melhor não só para a nossa saúde e o clima - é melhor para nossas florestas, para os nossos rios e oceanos, e para a segurança alimentar global. Comer menos carne é bom para o planeta. Saudamos também as pessoas que atuam contra a destruição ambiental de sua maneira. Algumas pessoas vão de bicicleta para o trabalho, alguns vão cortar a carne de seu cardápio, alguns vão instalar painéis solares em suas casas, alguns vão assinar petições online, alguns vão assumir riscos maiores, participando de ações diretas. Algumas pessoas incríveis vão fazer tudo isso junto. Mas nós não queremos excluir as pessoas que só vão fazer algumas delas! Nós também queremos que eles colaborem com o Greenpeace, queremos que sejam parte do movimento e fazer tudo o que puderem.
Toda a carne produzida na Amazônia promove o desmatamento?
Nem toda carne produzida na Amazônia causa desmatamento. Hoje em dia, mais de 40% do rebanho de gado do Brasil está na Amazônia, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). Desde 2009 os três maiores frigoríficos do Brasil - JBS, Marfrig e Minerva – que representam hoje algo em torno de 60% do que é abatido no bioma – assumiram um compromisso público de só negociar carne e couro com fazendas que não recorressem ao desmatamento, ao uso de trabalho escravo ou invasão de áreas protegidas. Tal medida, junto da Moratória da Soja, contribuiu muito para a queda dos índices de desmatamento. Mas se não tivermos TODAS as fazendas que atuam na floresta comprometidas com uma mudança profunda, infelizmente, o mercado ainda está sujeito a contaminação com carne produzida a partir da destruição florestal e outros crimes.
E qual o papel do governo brasileiro?
É fundamental que o governo brasileiro, em suas diversas esferas, amplie esforços para melhorar a governança na Amazônia. Concluir o Cadastro Ambiental Rural (CAR) por área total da propriedade até 2016 e tornar transparente este e outros dados ambientais da Amazônia , como a lista suja do trabalho escravo e as Guias de Trânsito Animal (GTA), de forma a permitir maior controle social, são medidas emergenciais. Assim como a adoção de uma política de Desmatamento Zero e não de desmatamento zero ilegal até 2030, como anunciou o governo Federal. O governos também precisam trabalhar juntos para assegurar a regularização fundiária imediata de todas as áreas públicas e privadas, incluindo a unificação de variados cadastros de terra em um único banco de dados com acesso público. A demarcação de Terras Indígenas e a criação de áreas de proteção devem ser retomadas, bem como a consolidação de todas as áreas já existentes, aumentando a proteção contra a invasão de grileiros pecuaristas. Além disso, o governo deve agir de maneira proativa para impedir que o Congresso Brasileiro mine os direitos dos povos indígenas e comunidades tradicionais.
A agropecuária é o setor que tem “segurado” a economia do Brasil. Se aumentarmos as regras socioambientais, isso prejudica a economia?
Para manter os níveis de crescimento, a agropecuária precisa da floresta. O manifesto “Desmatamento Zero e o Futuro do Brasil” mostra claramente que as mudanças climáticas, combinadas com a continuação do desmatamento, poderão colocar em risco a produção agropecuária. A floresta amazônica transfere a água do solo para a atmosfera[1], que é transportada na forma de vapor para outras regiões. Boa parte do território nacional se beneficia desta irrigação natural e a continuidade do desmatamento pode comprometer este serviço ambiental. Além disso, segundo o IBGE, em 2014 o setor Agropecuário foi responsável por 4,75% do Produto Interno Bruto do Brasil (PIB), bem abaixo dos 60% de PIB da Indústria, por exemplo. O que vem ocorrendo é que, devido a crise econômica, alguns setores vem registrando retração, enquanto a agropecuária continua a avançar (0,4% em 2014), o que dá a falsa impressão de que a economia brasileira é dependente de commodities e gado.